segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Revitalização Linguística nas Comunidades Indígenas de São Paulo


Neste ano de 2013, a FUNAI Regional Sudeste em parceria com a ONG Kamuri e a Universidade de Campinas através do Projeto Web indígena , deu um importante passo na questão da revitalização linguística de dois importantes povos que vivem no Estado de São Paulo: Os Nhandewa Guarani, também chamados Tupi-Guarani e os Kaingang Paulistas.
Com os Nhandewa da Aldeia Nimuendajú e por solicitação dessa comunidade foram realizadas duas Oficinas uma em Agosto sobre fundamentos da gramática da língua Guarani e a segunda em outubro sobre normalização ortográfica, retomando e revisando a Convenção Ortográfica das aldeias Nhandewa Guarani realizadas no ano 2000. E numa terceira Oficina em Dezembro foi destinada a construção de um site em língua Nhandewa, como forma de dinamizar a produção em língua guarani e a troca entre as comunidades. Você pode acessar esse site através do endereço www.nhandewa.org
Esse projeto que terá continuidade pelos próximos dois anos tem por objetivo: Produzir um material didático para ensino da língua, na forma de uma Gramática Pedagógica, e um site em língua Nhandewa (ou Tupi-Guarani). A língua Nhandewá, falada pelos grupos do Norte do Paraná (Laranjinha e Pinhalzinho), e pelas Aldeias Nimuendaju (T.I. Araribá,SP), Piaçaguera, T.I. Itariri, Djakoaty, Itaoca-Tupi, Ribeirão Silveira, Bananal (SP), corre risco de extinção e os Guarani tem feito um esforço para a sua continuidade há mais de 10 anos. Essas oficinas se inserem portanto, dentro da proposta de valorização e fortalecimento das línguas indígenas como patrimônio cultural e como esforço dos próprios guarani.

Kaingang paulistas retomam contato com os Kaingang do Sul do Brasil
Os Kaingang no Estado de São Paulo vivem nas aldeias de Icatu (Braúna, SP), e Vanuíre (Arco-Íris - SP). Seu dialeto é um pouco diferente dos outros 5 dialetos Kaingang falados no sul do Brasil, mas são mutuamente inteligíveis. Por razões históricas os Kaingang paulistas ficaram afastados dos seus irmãos do sul, e são em pequeno número. Os kaingang Paulistas estão fazendo um esforço para se unir aos demais que já possuem um site, o primeiro totalmente em língua indígena: www.kanhgag.org com esse trabalho podem entender a escrita dos demais e também trocar textos com os demais kaingang que estão construindo uma enciclopédia em sua língua.
O objetivo dessas oficinas é construir com os Kaingang das aldeias de Icatu (Braúna, SP), e Vanuíre (Arco-Íris - SP) um dicionário escolar do Kaingang Paulista. Para tanto os Kaingang, que em sua maioria são falantes do Kaingang como segunda língua, contarão com assessoria linguística e antropológica especializada para dominar a grafia e leitura da língua Kaingang escrita, dando continuidade aos trabalhos iniciados com a Convenção Linguística realizada em 2000.
Depois de um primeiro contato entre os Kaingang Paulistas com os do Rio Grande do Sul e Paraná no I Simpósio Internacional da língua Kaingang (ISKL – I) UNICAMP -Agosto de 2012, agora os Kaingang paulista preparam uma excursão a T.I. Apucaraninha (Tamarana, PR) para troca de conhecimentos e experiência de imersão linguística, aproveitando os recursos do prêmio cultura indígena do Minc, com o qual foram contemplados esse ano. 

Juracilda Veiga 

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